Crise política contamina a Economia e torna a recuperação do Brasil mais lenta. Como serão as Eleições de 2018?
Há pelo menos meia década o Brasil está mergulhado numa imensa turbulência política. Nesse período o país viu impeachment de presidente, prisão de empresários e políticos de alto escalão e todo o tipo de protesto e polêmica.
“O Brasil está vivendo uma crise muito aguda, que é fruto do divórcio entre a vida real e um modelo político carcomido, desalinhado não apenas de práticas saudáveis, mas sobretudo das demandas dos cidadãos para o futuro”, afirma Alexandre Lima, autor de um livro sobre pesquisas de opinião pública.
Segundo ele, o que torna essa crise mais grave, além da profundidade de seus desdobramentos, é que ela atinge outras esferas da vida dos brasileiros, sobretudo a econômica. E como a Economia está contaminada pela política, e a política continua sendo uma usina de más notícias, a recuperação demora a vir.
“As pesquisas mais recentes não dão ainda um indicativo muito claro de qual será o desfecho da eleição. Elas mostram muito mais o descontentamento com o quadro político geral do que uma clara preferência. São muito mais uma fotografia desse momento ainda nebuloso, quando os candidatos e propostas ainda não são de conhecimento geral das pessoas.”
Segundo o especialista, as pesquisas terão um desafio cada vez maior nas eleições, porque lidarão com um eleitor mais arredio, descrente da política, com uma elevada intenção inicial de anular o voto e sem um padrão muito claro do comportamento futuro.
“As regras do passado não servirão para guiar os institutos nessas eleições. Fazer isso é como querer ganhar uma corrida de fórmula 1 olhando apenas o espelho retrovisor. O eleitor está buscando um modelo que não encontra no mercado político”.
Mas o pesquisador, que também é professor da FGV e ministra palestras pelo país, afirma que apesar de doloroso, esse processo tende a ser positivo:
“Os últimos anos foram muito traumáticos para o país, que saiu de um clima de euforia econômica para o extremo oposto da crise. Desde que a eleição não descambe para o radicalismo acéfalo, ela pode representar uma excelente oportunidade para o Brasil discutir a fundo seus problemas e qual o modelo de país e de líderes quer para o futuro. É nas grandes crises que se podem construir as grandes soluções”, finaliza.
O autor, que também é Diretor de um instituto de pesquisas, lançou no ano passado o livro “Pesquisas de Opinião Pública”, pela Editora Novatec, que está à venda, em formato papel e digital, nas melhores livrarias físicas e online do país.