– Se não tem pão, que comam brioches.

A famosa frase teria partido da Rainha da França, Maria Antonieta, há mais de 250 anos.

A opulência em que a monarquia francesa vivia contrastava com o estado de penúria da população, para a qual faltava não apenas brioches, mas também o pão de cada dia.

Uma classe governante dotada de poderes elásticos, encastelada num palácio de 357 espelhos e jardins caprichosamente desenhados, alheia ao mundo real que desmoronava ao seu redor.

Segundo Alexandre Correa Lima, autor do livro “Pesquisas de Opinião Pública”, há algum paralelo entre o contexto que culminou com a Revolução Francesa e os resultados do primeiro turno da eleição de 2018 no Brasil.

“No Brasil a política se divorciou da realidade, e pra piorar, tentou apagar o incêndio com o querosene que o iniciou. O que vivemos no primeiro turno foi um grande recado. O eleitor se vingou com a última arma que lhe restou: o voto. É como se, na solidão empoderadora da cabine de votação, estivesse tentando implodir o sistema distorcido que ainda vigora”.

A eleição de 2018 marcou uma série de rupturas. Os principais partidos do país tiveram grande redução no número de Deputados, principalmente MDB e PSDB. Caciques da política nacional não foram (re)eleitos e grande exposição na propaganda eleitoral não significou mais votos, ao contrário de eleições anteriores.

“O eleitor agora não é mais um consumidor passivo da informação que a grande mídia produz. Agora ele gera conteúdo, repercute, compartilha, interage, critica, e às vezes falsifica também. E com as redes sociais e dispositivos móveis na palma da mão, esse fluxo ficou incontrolável, para o bem e para o mal.”, afirma o especialista em pesquisas, Alexandre Correa Lima.

Os resultados referendam essa visão. O candidato Alckmin teve 44% do tempo total de propaganda eleitoral, mas obteve menos de 5% dos votos, enquanto o candidato Daciolo obteve mais votos do que Meireles, Álvaro Dias e Marina Silva, que na eleição passada esteve na iminência de ir ao segundo turno da eleição presidencial.

Segundo Alexandre Correa, o que vemos hoje é apenas um dos reflexos das mudanças pelas quais o país e o mundo vêm passando, e que no Brasil tiveram seu primeiro sinal nos protestos de junho de 2013:

“É quase impossível dissociar o tsunami político de agora com as manifestações de junho de 2013, espontâneas e caóticas, com uma pauta caleidoscópica de reivindicações que iam dos pedidos de hospitais no padrão FIFA à volta dos militares. No bojo de tudo, cidadãos que pela primeira vez pareciam ter tomado alguma ciência de seu papel de financiadores da festa indigesta à qual nunca foram convidados. Milhões nas ruas sem nenhuma liderança articulada. Começou com 20 centavos e terminou com dezenas de milhões de votos de ruptura em todo o Brasil”.

O pesquisador, que também é professor da FGV e FAAP, lançou seu livro pela NOVATEC em 2017, no qual traça um amplo panorama das pesquisas e da Opinião Pública, no Brasil e no mundo, sendo a principal e mais recente obra sobre o assunto no Brasil. O livro está disponível nas versões impressas e digital, e pode ser adquirido nas principais livrarias físicas e online do país.

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