“Agora percebo que passei dos limites”, disse Takaiushi, após deixar o filho de sete anos abandonado numa floresta na ilha de Hokkaido, no norte do Japão. Essa floresta é praticamente deserta, infestada de ursos, e com temperaturas muito baixas nessa época do ano.
Segundo consta, o menino foi abandonado como castigo por desobedecer aos pais, após insistir em ficar jogando pedras contra carros e transeuntes, mas depois quando tentaram recuperar a criança não encontraram mais.
O menino foi localizado seis dias depois por soldados numa cabana abandonada, a vários quilômetros do local onde supostamente foi abandonado.
Todo mundo sabe dos rigores da educação oriental, e do valor que atribuem a disciplina e respeito aos mais velhos.
Por nossas bandas, talvez soframos do pecado inverso, a falta de limites. Seja por uma cultura mais permissiva, ou pela culpa inconfessa de pais e mães ausentes do lar, estabelecemos cada vez menos limites para nossos filhos, aumentando indefinidamente a lista de direitos sem os equivalentes deveres. É assim vamos criando pequenos tiranos que não sabem compartilhar, não entendem o dualismo da vida, o valor das coisas, nem as coisas que realmente têm valor.
Ensinar limites e valores é a mais forma mais elevada de educar, e educar é amar. Quem não dá limites deseduca, posterga para o futuro a indispensável habilidade de lidar com as frustrações inerentes à vida.
Exagerar nos castigos, ou seu oposto, não dando limites, é como condenar os filhos a vagar numa floresta gelada e escura, tornando-os adultos imaturos ou despreparados para uma vida social e emocional saudável, e em ambos os casos, quem merece o castigo são os pais.
Dar limites hoje é ampliar os horizontes amanhã.