A origem da expressão é um bocado controversa. Uns dizem que veio do turfe, outros da guerra do Paraguai, outros de uma piada recorrente do futebol.
O fato é que todo mundo já deve ter ouvido a frase “cavalo paraguaio”, para designar o time de futebol que larga na frente mas ao longo do campeonato perde o embalo e fica para trás. Ou seja, o cavalo paraguaio é um cavalo pouco confiável, fraco, que não vence nada.
Além do preconceito embutido na frase, é preciso admitir que talvez ela guarde relação com o imaginário jocoso que nutrimos do Paraguai que nos é mais familiar: Ciudad del Este e sua fama de produtos falsificados. Quem nunca ouviu piada a respeito do whisky paraguaio?
Espremido entre o gigantismo inequânime do Brasil e o esnobismo falido da Argentina, o Paraguai sempre foi uma espécie de patinho feio da América do Sul, com indicadores econômicos e sociais sofríveis.
Mas se você ainda enxerga o Paraguai como um país atrasado, sem perspectivas e parado no tempo, tenho que dizer que lhe venderam uma imagem falsificada do país. Sim, o Paraguai ainda é pobre e atrasado em muitos aspectos, mas a fila lá está andando rápido, e pra ser fiel aos números, muito mais rápido que no Brasil.
O patinho feio tomou um banho de loja, vem se reinventando e achando o trilho do desenvolvimento, enquanto no Brasil roubaram os trilhos da ferrovia e não tem mais trem para atravessar o túnel. O Paraguai conseguiu estabilizar sua inflação, reduzir o desemprego e atrair investimentos internacionais. Pulou do ostracismo para o protagonismo.
Se você tem dúvidas, aqui vão alguns números: em 2013 a economia do Brasil cresceu 3% e a do Paraguai 14%. Em 2014 ganharam de 4,7 contra 0,7. Em 2015 cresceram 3% enquanto o Brasil caiu 3,8%. Em 2016 continuamos caindo (3,6%) e eles continuaram em alta, de 4,1%. Visto pelo ângulo econômico, é uma goleada pior do que a que levamos da Alemanha.
Recentemente o país foi reverenciado no fórum econômico de Davos como um case de sucesso na América do Sul, crescendo enquanto os vizinhos famosos, como Brasil e Argentina, chafurdam em crises sucessivas. Com incentivos fiscais, energia farta, mão de obra barata e uma política arrojada de atração de investimentos, nosso vizinho vem ganhando indústrias e capital estrangeiro, inclusive do Brasil.
Segundo o ministro da Indústria paraguaio, eles querem ser “a China do Brasil”, ou seja, fabricar lá o que consumiremos aqui.
Enquanto o Brasil derrete aos poucos, descobrir que o Paraguai pode nos dar lição de crescimento é realmente o tempero final que faltava para nossa festa indigesta.
E de hoje em diante, se lhe oferecerem cavalo paraguaio compre sem pestanejar. Arriscado mesmo é comprar pangaré brasileiro.